Ultimamente, devido aos meus estudos e outras atividades também, não tenho conseguido realizar a leitura dos meus livros, que estão envelhecendo como vinho na adega (expressão usada por um amigo, sobre essa questão dos nossos livros ficarem maturando nas prateleiras até que consigamos lê-los), nos nichos da parede do meu quarto. Então, como não estou lendo meus livros para em seguida fazer a resenha destes aqui neste blog, aproveitei a oportunidade de estar estudando a história da Língua Portuguesa, para fazer esse Post.
A história da Língua Portuguesa é fascinante! Esta língua que é falada em mais de quatro continentes, por mais de duzentas e cinquenta milhões de pessoas em países do mundo todo; como Angola, Cabo Verde, Moçambique, Guiné-Bissau, Guiné-Equatorial, São Tomé e Príncipe, Timor Leste, Macau e o nosso Brasil. É a oitava língua mais falada em todo o mundo.
O estudo me proporcionou um conhecimento esclarecedor. Aprendi que a Língua Portuguesa se originou do Latim vulgar, língua falada pelos camponeses e demais pessoas comuns, diferentemente do Latim clássico, que era falado pelos poetas, filósofos, senadores e a elite em geral, na Península Ibérica, região dominada pelo Império Romano.
Sabendo-se que naquela região, muitos séculos antes do domínio Romano, os Celtas também deixaram a influência de sua língua, assim como também mais tarde, os Germânicos e os Árabes. Mas o idioma que se estabeleceu, foi o Galego Português (idioma que se originou do Latim vulgar), falado até hoje na região de Galícia, no norte da Espanha, que seria depois a principal base para o português definitivo, no século XI, com a vitória dos cristãos que expulsaram os árabes da Lusitânia, região que mais tarde passaria a se chamar, Portugal.
No século XIV, evidenciaram-se os falares do sul, região atual correspondente a Lisboa, prevalecendo aos falares do norte, que com a consolidação do Império Luso, consagrou definitivamente o Português como língua oficial da nação, enquanto o galego se estabeleceu como uma língua variante do Espanhol.
No século XV o Português passou a se impor no mundo como uma das grandes línguas modernas; Sá de Miranda e Camões, consolidaram definitivamente a LínguaPortuguesa.
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E nesta mesma época, com as grandes navegações, a Língua Portuguesa foi levada para outros continentes, como a África, a Ásia, a Oceania e as Américas.
Desembarque de Cabral em Porto Seguro, ilustração de Oscar Pereira da Silva, de 1922.
Veja que bela poesia do Olavo Bilac chamada, Língua Portuguesa, que expressa a essência dessa paixão:
Língua Portuguesa
Última flor do lácio, inculta e bela
És, a um tempo, esplendor e sepultura
Ouro nativo, que na ganga impura
A bruta mina entre os cascalhos vela
Amo-te assim, desconhecida e obscura
Tuba de alto clangor, lira singela
Que tens o tom e o silvo da procela
E o arrolo da saudade e da ternura
Amo o teu viço agreste e o teu aroma
De virgens selvas e de oceano largo
Amo-te, ó rude e doloroso idioma
Em que da voz materna ouvi: Meu filho
E em que Camões chorou, no exílio amargo
O gênio sem ventura e o amor sem brilho
Olavo Bilac
Veja as considerações finais da revista, Estudos Linguísticos, escrita pelos associados da GEL (Grupo de Estudos Linguísticos), Antônio Carlos Silva de Carvalho e Marcelo Módolo :
Trabalhar com documentação antiga dá-nos sempre a oportunidade de observar que alguns fenômenos da língua já estavam em variação em séculos anteriores.
Por mais formal que seja a escrita de qualquer documento em análise, o escrivão — via de regra — deixa escapar formas que estariam em concorrência, mas que, por algum motivo, não são confirmadas pelos escritores clássicos, tidos como possuidores de bom padrão de língua; apesar de os tempos serem outros, a gramaticografia ser pequena e a imposição de normas ortográficas não ser austera como nos tempos atuais.
Por isso mesmo, podemos observar que muitos fenômenos linguísticos que ocorriam no passado distante continuam a ocorrer no presente, portanto, conhecer mecanismos atuantes que perpassam pela fonética e morfologia de uma perspectiva histórica nos ajuda a compreender a variação linguística no português e a observar que, independentemente da época, o rio continua a correr e a sulcar o gelo.
A língua falada sempre sulcará a língua escrita, queiram os puristas ou não. É o correr do rio que não se deixa represar.
Todo esse estudo, me levou a refletir sobre como o Latim clássico permanece até hoje, como uma Língua intelectualizada e imutável, porém morta, que não mais possui falantes nativos, servindo apenas para a igreja católica para fins rituais e burocráticos, exercendo enorme influência sobre diversas línguas vivas, servindo como fonte vocabular para a ciência, o mundo acadêmico e o direito. Enquanto a nossa língua portuguesa, por ser uma das línguas mais faladas do mundo atualmente, de tempos em tempos, passa por mudanças, mudanças estas que por muitas vezes, no meu ponto de vista, tendem a empobrecê-la, tirando sua beleza e coerência.
Que prevaleça o bom senso e o bom gosto dos nossos eruditos da gramática, para que não percamos este que talvez seja o maior patrimônio que herdamos dos nossos amigos portugueses.
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