Seria "Lúcifer", o nome próprio do diabo?

 Seria "Lúcifer", o nome próprio do diabo?
















Há muito tempo, ouvimos dizer que o diabo tem um nome próprio, e que esse nome próprio é, "Lúcifer".

Acontece, que esse nome tem origem latina, e era utilizado para se referir ao planeta Vênus, também conhecido como,"estrela da manhã". O planeta Vênus, é o astro mais brilhante visível na Terra após o sol e a lua, e o  seu brilho, é mais percebido pela manhã.  


Como a bíblia foi escrita em hebraico e grego, a palavra, lucifer, que é uma palavra em latim, não é encontrada originalmente nela.

O que aconteceu foi que quando os textos bíblicos foram traduzidos para o latim, pelo eminente biblista Jerônimo, que viveu mais ou menos 400 anos d.C., ele usou a palavra, lucifer, para traduzir a palavra original em hebraico, heylel, que significa, " brilhante" ou "resplandecente" em Isaías Cap.14, v.12 e também para traduzir a palavra grega, heosphoro, que significa, "que leva a luz" ( 2 Pedro 1:19)

https://www.significados.com.br/lucifer/












A palavra, lucifer, é um substantivo masculino e não um nome próprio, que transmite o significado de, "aquele que brilha" ou "portador da luz". 


"Lúcifer", não é o nome próprio do diabo. Não há qualquer referência bíblica que faça essa afirmação. Além disso, nem Jesus ou mesmo os apóstolos, se referiram a Satanás, designando-o pelo nome de Lúcifer.


Na edição do ano de 2011 da A.C.F. ( Almeida Corrigida Fiel ) que é uma bíblia que procura seguir as escrituras originais em hebraico e grego, ela abriu uma exceção seguindo a tradução em latim da Vulgata de Jerônimo, no Cap.14, v.12 usando a palavra, Lúcifer, como um nome próprio, ao contrário de duas edições mais antigas dela, dos anos de 1994 e 1995, nas quais estão escritas o termo, Estrela da Manhã. 

 

Na Vulgata de Jerônimo, está escrito assim:


"quomodo cecidisti de cælo lucifer qui mane oriebaris corruisti in terram qui vulnerabas gentes”.


Traduzido para o português, o texto fica assim: 


“Como você caiu dos céus, ó estrela da manhã, filho da alvorada! Como foi atirado à terra, você, que derrubava as nações!” (NVI).


Tertuliano (160-220) e Gregório, o Grande (540-604), interpretaram essa passagem de Isaías (14:12) como referindo-se à queda de Satanás; em consequência disso, o nome Lúcifer tem sido aplicado a Satanás, e assim é aceito popularmente.










Porém, essa interpretação não é aceita por todos que estudam as Escrituras. Ebenezer Henderson, um importante tradutor do século 19, declarou:


“A aplicação desta passagem a Satanás, e à queda dos anjos apóstatas, é uma daquelas graves perversões da Sagrada Escritura que resultam, e que devem ser traçadas de uma tendência de buscar mais em qualquer passagem (da Bíblia) do que ela realmente contém, uma disposição para ser influenciado pelo som (das palavras) em vez de pelo sentido, e uma fé implícita nas interpretações recebidas”.


O contexto mostra que o termo lucifer (“estrela da manhã”, NVI) é destinado ao rei da Babilônia, e mais ninguém. Na linguagem figurada dos hebreus, uma estrela significa um ilustre rei ou príncipe (Números 24:17; compare isso com Apocalipse 2:28; 22:16).


O monarca aqui mencionado, superando todos os outros reis em esplendor real, é comparado ao amanhecer, cujo brilho supera o das estrelas ao redor. Cair do céu denota uma súbita queda política – um afastamento da posição de dignidade elevada e notória anteriormente ocupada (complemento Apocalipse 6:13; 8:10).

Keil e Delitzsch, outro importante estudioso do Antigo Testamento, adotou essa mesma visão.


“Num outro sentido e muito mais elevado, porém, a designação era aplicável àquele em quem a promessa e o cumprimento correspondiam inteiramente, e é assim aplicada por Jesus quando ele se apresenta como a ‘brilhante estrela da manhã’ (Apocalipse 22:16). Em certo sentido, é também o sinal de todos aqueles que estão destinados a viver e a reinar com ele (Apocalipse 2:28)”.




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