O meu pé de laranja lima
O meu pé de laranja lima
História de um meninozinho que um dia descobriu a dor…
José Mauro de Vasconcelos
Editora Melhoramentos

Bem, muito ainda pode ser dito, e creio que qualquer pessoa que a tenha lido, assim como eu, terá sempre muito o que contar.
Quando eu tinha 11 anos de idade, no ano de 1987, fiz aquela que acho que foi a primeira visita de muitas, a biblioteca da minha nova escola. Ali encontrei na estante, um livro que não sei por que motivo, me chamou a atenção, talvez o título, talvez a bela arte da capa, desenhada pelo artista, Jayme Cortez.
Esse livro tinha o título de: O meu pé de laranja lima. Parecia que eu já tinha ouvido aquele título antes, algo me parecia familiar, talvez eu tivesse realmente ouvido alguma coisa a respeito, o que realmente era possível, pois nos finais dos anos 80, tanto a obra, como o nome de José Mauro de Vasconcelos, estavam em maior evidência.
Peguei o livro emprestado e o fascínio pela leitura dos livros começou naquele momento… Lembro-me que no último dia de leitura, meus pais foram dormir e eu permaneci lendo o livro, decidi que iria seguir a leitura até o fim. Mergulhado em tanta emoção, com as lágrimas descendo ao rosto, consegui cumprir o meu objetivo e fui dormir, com aquele sentimento pungente e ao mesmo tempo, sublime.
Publicado em 1968, traduzido para 52 línguas, publicado em 19 países, adotado em escolas, adaptado para teatro, cinema e televisão, essa ficção autobiográfica, continua encantando a todos, sejam crianças, adolescentes, jovens, adultos ou idosos.
A narrativa é feita pelo próprio protagonista da história, o menino Zezé de cinco anos. Por volta do final dos anos 20 do século xx, a família precisa se mudar, pois foram despejados, devido ao pai de Zezé se encontrar desempregado. Mudam-se então para uma casa mais modesta no bairro de Bangu, no Rio de Janeiro. No último Natal ainda antes da mudança para a nova casa, a família passa por uma triste experiência… Zezé se decepciona por não encontrar nenhum presente em seus sapatinhos, fazendo uma reclamação a qual o seu pai que por acaso aparece na hora, acaba ouvindo a tão cruel reclamação, saindo em seguida para a rua, provavelmente para beber em algum bar.
" Abri a porta do quarto e os sapatinhos tênis estavam vazios para a minha decepção. Totoca aproximou-se limpando os olhos. - Não falei? Uma mistura de tudo criou-se na minha alma. Era ódio, revolta e tristeza. Sem poder me conter exclamei: - Como é ruim ter pai pobre!..."
Ao fazer uma visita a futura casa, ainda antes da mudança, Zéze avista o pé de laranja lima, o qual ele chama de Minguinho, e ele escuta a arvorezinha falar com ele, ali se inicia uma das mais belas amizades narradas na história, que talvez somente a amizade com o português, Manoel Valadares, o Portuga, esteja a altura, sem querer desfazer da amizade com o vendedor e cantor, Ariovaldo. "- Mas você fala mesmo? - Não está me ouvindo? E deu uma risada baixinha. Quase saí aos berros pelo quintal. Mas a curiosidade me prendia ali - Por onde você fala? - Árvore fala por todo canto. Pelas folhas, pelos galhos, pelas raízes …"
Penso que o autor deveria ter uma memória fora do comum para relembrar tantos detalhes sobre a sua infância e uma sensibilidade também não menos incrível, para conseguir transmitir toda aquela atmosfera de fantasia e inocência que nos cerca na infância. Sim, é claro que ele tinha esses atributos, afinal de contas, estamos falando de um livro de José Mauro de Vasconcelos.
O mundo de Zezé é repleto de fantasias, de realidades, de alegrias e de dores.
Um livro escrito com o coração e que toca na alma. Um Best Seller que deve ser lido por todos.
Fantástica a sua apresentação sobre esse precioso livro que li em minha pré-adolescência.
ResponderExcluirObrigado, meu amigo! Que legal que gostou e que bom saber que você também leu !
ResponderExcluirOi, Lisandro. Adorei a sua análise e o blog. Estamos precisando de mais espaço como esse para discutir a literatura com um olhar sensível e aprofundado. Parabéns pela iniciativa e pelo belíssimo texto. Virei fã e leitor da Lupa de Leitura. Abração
ResponderExcluirQue legal que gostou, Ricardo! Me sinto honrado pela sua visita e por se tornar leitor do meu humilde blog! Forte abraço!
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