Éramos Seis


Éramos Seis



A capa mais popular é a da  antiga Série Vaga-Lume da Editora Ática. 










Fatos relevantes 


Éramos Seis é o título do segundo romance da escritora paulista, Maria José Dupré (1898-1984), publicado pela primeira vez em 1943 pela Companhia Editora Nacional. Posteriormente, passou a ser editado pela Editora Brasiliense (de 1944 a 1954), e depois pela Saraiva (de 1957 a 1969), em dois volumes. 


Houve outras editoras como, Círculo do Livro (em 1975 e em 1998) e Clube do Livro (em 1985), até chegar à Editora Ática, primeiramente na coleção "Bom Livro", e depois na famosa coleção da Série Vaga-Lume (de 1973 a 2012).




A Editora Ática lançou em 2013 e 2014 uma edição do livro em uma nova capa.










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https://pt.m.wikipedia.org/wiki/%C3%89ramos_Seis


O livro foi adaptado na dramaturgia pela primeira vez em julho de 1945 como radionovela pela Rádio Tupi, e no mesmo ano foi lançado o filme argentino do mesmo título. 

A história teve sua primeira adaptação para telenovela em 1958, pela Record e em 1967 e 1977 a Tupi também fez suas adaptações. A rede de televisão SBT, fez uma adaptação desse romance em novela também e a transmitiu no ano de 1994, essa versão eu assisti na época e posso afirmar que foi sensacional! E em 2019 a rede Globo fez a sua última versão até o momento atual.

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A escritora passou a se dedicar à literatura, após seu casamento com o engenheiro, Leandro Dupré, no final da década de 1930. 

No início, ela usava o pseudônimo, Mary Joseph, para assinar seus trabalhos literários e depois de algum tempo, passou a assinar como, Sra. Leandro Dupré, nome o qual ela foi mais conhecida profissionalmente até a década de 1960. A partir da década de 1960, seus trabalhos passariam a ter seu verdadeiro nome assinado. 

 

Um fato muito curioso…


Um fato muito curioso e que muitos não sabem, é que a Maria José Dupré escreveu uma continuação de Éramos Seis, que se chama, Dona Lola (Editora Saraiva), que aborda situações que a história original não nos revela. Este livro durante muitos anos, era raríssimo de ser encontrado, pois foi editado pela última vez no ano de 1968 porém, a Editara Ática o trouxe novamente para o mercado, o republicando em dezembro de 2019.





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https://www.bonashistorias.com.br/single-post/2020/05/06/livros-eramos-seis-a-obra-prima-de-maria-jose-dupre








Memória afetiva


Foi por volta da adolescência que conheci esse romance brasileiro da escritora Maria José Dupré, através de um livro emprestado pela tia de minha mãe, minha tia avó, no caso. 

Fiquei fascinado pela história dramática da dona Lola e sua família. Lá em casa, todos nós lemos, com exceção apenas do meu pai, mas eu, a minha mãe e a minha irmã, lemos e ficamos comentando entre nós, sobre aquela história tão bonita e ao mesmo tempo tão triste. 

Após alguns anos, já adulto, vasculhando um sebo, como sempre me foi de costume, encontrei uma edição deste livro, uma edição bem antiga, a 18.a, do ano de 1973, da Editora Ática, da Série Vaga-Lume, uma série muito conhecida e indicada pelas bibliotecas escolares. 

Comprei o livro e reli, como foi bom reviver aquelas emoções! Minha esposa também leu na época e se emocionou demais! 



Capa da primeira edição, de 1943











Resumo

A história tem início com a narrativa 
em primeira pessoa pela protagonista Lola (cujo nome verdadeiro é Eleonora). 

“ Ainda ontem passei por lá; a manhã estava muito clara, radiosa, dessas alegres manhãs de verão, quentes de sol e de vida. 
Havia no ar uma luminosidade surpreendente e o zumbido dos insetos, o canto dos pássaros e o riso das crianças enchiam o espaço; por toda a parte reinava a luz, a alegria, o desejo de viver, de ser feliz, de ser bom. " 

"  Passando pela Praça Buenos Aires, vi um grupo de crianças brincando e correndo; seus gritos repercutiam em meus ouvidos como ecos de coisas mortas, remanescentes de um passado há muito tempo desaparecido. Lembrei-me então do meu sonho; durante a noite inteira eu havia sonhado que ainda morávamos lá e meus filhos eram pequenos; no sonho ouvi chamarem várias vezes: Mamãe! Mamãe! "  

“ Mal a claridade do dia passou através das tabuinhas das venezianas, eu me vesti e saí; tomei o bonde para passar na “nossa casa”; digo “nossa” por hábito porque há muitos anos já que a deixamos e nem sei quem mora lá. Desci do bonde umas quadras antes para passar a pé diante dela e vagarosamente fui subindo a Avenida Angélica, tão familiar e amiga,onde residimos durante tantos anos!”.

A história começa pelo final, como podemos perceber, com a dona  Lola fazendo uma narrativa de como começou seu dia, fazendo uma caminhada pela calçada em frente a sua antiga casa, em que morou durante muitos anos com a sua família. 




E as recordações se seguem durante o decorrer da leitura, Lola vive com sua família em São Paulo enquanto suas irmãs, Clotilde e Olga, que vivem em Itapetininga, vem visitá-los sempre que possível, trazendo consigo seis potes de doces artesanais, o que é um detalhe muito curioso da leitura, pois a cada morte ou distanciamento de um dos membros da família, a protagonista cita a redução de potes trazidos pela irmã, que vai acontecendo ao passar dos anos. 


O drama se inicia no ano de 1914, o cenário se passa nas cidades de São Paulo e Itapetininga e os fatos ocorrem em um longo período de aproximadamente quarenta anos. 

A família Lemos é composta dos pais, Júlio e Lola, e dos seus filhos, Carlos (o mais velho, muito estudioso e tranquilo, o filho que abandonou o sonho de ser médico para ajudar a mãe, o filho que ficou com ela até o fim), Alfredo (rebelde, brigão e que não gostava de estudar), Julinho (O menino mais novo e também estudioso) e a Isabel (a caçula e queridinha do papai). 



O tempo passa rápido, assim como a vida e logo as crianças se tornam

adolescentes, jovens e adultos. Júlio, o

marido da dona Lola, adoece e morre, Carlos, o filho mais velho, também. 



O Alfredo por ser ligado ao movimento comunista e se envolver em uma confusão, precisa fugir e deixar a família, o Julinho vai viver no Rio de Janeiro, por motivos profissionais e a Isabel, acaba se distanciando da mãe para sempre, por iniciar um relacionamento com um homem mais velho e desquitado, o que era muito mal visto na sociedade daquela época, fazendo com que eles fugissem. 



E assim dona Lola vive os seus últimos dias, morando sozinha em um quartinho de pensão das irmãs da igreja.


" O céu está sombrio e escuro, cinzento -escuro. O que foi minha vida em todos esses anos? Sacrifício e devotamento. É como viver sempre numa tarde assim de chuva, pesada de tristezas. Mas não devo me lamentar; se fosse preciso recomeçar novamente, novamente faria da minha vida a mesma que foi, de sacrifício e devotamento. Devo sentir-me feliz, porque cada filho seguiu o caminho escolhido. "


" No meu último aniversário, recebi um pacote de minha irmã Clotilde, vindo de Itapetininga; abri com curiosidade. Havia "uma" caixinha de figos cristalizados, " uma" lata de goiabada em calda e "um" tijolo de pessegada. Apenas. 

Grossas gotas de chuva caem do céu sobre a terra, sobre as folhas das árvores e sobre os telhados. Cor de cinza. Solidão.


Leia o livro! Você se comoverá com todo o enredo e sensibilidade da autora! Só quem já leu é capaz de comensurar a dimensão desse drama.  Uma história que comove até os corações mais endurecidos! 


Comentários

  1. Esse livro é um clássico! Parabéns Lisandro por nos lembrar de coisas tão belas!

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    1. Sim, é um clássico mesmo!! Muito obrigado pelo elogio! Fico muito feliz em poder compartilhar.

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