Conan A Torre do Elefante


 Conan A Torre do Elefante


Essa versão de " A torre do Elefante" (The Tower of the Elephant) é a segunda adaptação da Marvel deste conto, a terceira história de Conan escrita na Weird Tales de março de 1933.

https://revistagalileu.globo.com/Cultura/noticia/2017/05/revista-weird-tales-fantastica-fabrica-pulp-de-horrores-cosmicos.html



Roy Thomas a adaptou originalmente em 1971 para a Conan the Barbarian 4, mas sempre achou que suas 20 páginas (belamente desenhadas por Barry Smith) não foram suficientes para uma de suas histórias favoritas escritas por Robert E. Howard, o seu criador.

https://pt.m.wikipedia.org/wiki/Robert_E._Howard


Desta vez, John Buscema e Alfredo Alcala ilustraram a aventura que se passa no início de carreira de Conan, enquanto ele está no fim de sua adolescência e acabou de chegar a Zamora, a Cidade dos Ladrões. 


A Espada Selvagem de Conan Coleção 8 Panini Comics. Arte de capa de Earl Norem

Original-mente publicada em Savage Sword of 

Conan 24

(Novembro de 1977)


Essa aventura que é uma das mais belas histórias do cimério de bronze, para mim e para os muitos leitores de Conan, como também para o seu maior roteirista, Roy Thomas.


A aventura se inicia com uma narrativa infame sobre as ruas que dão acesso a baderna do Marreta, local onde Conan se encontra

e que logo se envolverá em um episódio de violência, como é de costume na fictícia Era Hiboriana

Ruas estas, frequentadas por ladrões e meretrizes, que fazem um carnaval à noite, ruas tortuosas sem pavimento, cheias de lixo onde fanfarrões bêbados cambaleam e gritam. 

Barulho de arruaça e muita briga, cheiro de vinho e o fedor de corpos suados e fragmentos de canções obscenas. 


" Você falou da Torre do Elefante!
Ouvi muitas histórias sobre ela! Qual é o segredo dela? " 






Logo, na Baderna do Marreta, em meio a uma verdadeira escória, onde o aço é carregado livremente, um trapaceiro gordo indecente, cujas piadas vulgares provocam gargalhadas, era um sequestrador profissional, vindo da distante Koth, para ensinar como raptar as mulheres dos Zamorianos.

Ele comenta que tem uma caravana o esperando para comprar uma jovem brituniana que está sob sua posse, e que conhece senhores em Shem que dariam o segredo da Torre do Elefante por ela. 

Neste momento sua túnica é tocada, o que o faz virar a cabeça esbravejando pela interrupção, ao então se deparar com a figura de um jovem alto e musculoso parado diante da mesa, parecendo tão deslocado neste antro como um lobo cinzento entre ratos famintos na sarjeta. A pele que cobre seu físico é bronzeada pelo sol em outras paragens… seus olhos são azuis e ardentes. 


Conan indaga ao sequestrador kothiano sobre qual é o segredo da Torre do Elefante, mas o diálogo é hostil e não vai muito adiante, quando o sequestrador  subestima o bárbaro dizendo que ele não é capaz de escalar a torre, até que Conan responde: " Sempre existe um jeito, se a vontade se unir a coragem!"

O sequestrador empurra a Conan, ofendido por achar que Conan insinuou que ele e os outros indivíduos da taverna eram covardes. 

A violência explode e uma luta de morte se inicia, até que a única vela que iluminava a taverna, cai no chão apagando-se, mergulhando todo o covil na escuridão. 

Então em meio ao alvoroço que se segue, um grito agonizante corta o breu como uma faca… Quando acendem de novo a vela, o cimério já se foi e o cadáver dilacerado do kothiano se encontra no chão.


O cimério deixa para trás as luzes e a alegria do álcool e parte para a cidade reservada aos templos. Não há vigias circulando, pois até ladrões da taverna do Marreta evitam os templos. Conan avista a tão falada Torre do Elefante e não faz idéia do porque ela tem esse nome. Ele salta o muro para dentro do templo e se lembra que o mago que vive ali, tem séculos de idade. Conan quase tropeça num corpo que jaz inerte e vê que é um guarda real de Zamora, até que ele se depara com o homem que tirou a vida do guarda, o muito conhecido, Taurus da Nemédia, o príncipe dos ladrões. Eles conversam e combinam de juntos roubarem a jóia de Yara (o sumo sacerdote, que dessa torre manipula estranhos destinos)… O coração do Elefante


Eles passam pelo jardim guardado por cinco leões, que já era esperado por Taurus, que trazia consigo uma zarabatana com um pó amarelo feito de lótus negra o qual ele sopra criando uma névoa mortal que ao ser inalada pelos leões, resulta na morte instantânea das feras. 

Conan e Taurus escalam a torre em silêncio até que alcançam o topo, por um determinado momento, eles se separam para investigar o local e quando Conan retorna, a porta da sala de onde Taurus estava , se abre revelando o truculento príncipe dos ladrões balançando com os seus lábios tremendo, até que seu corpo cai para a frente, tomado pela agonia. Súbito, o nemédio enrijece o corpo e o estarrecido cimério, sabe que ele está morto!


 


Naquela sala vazia e repleta de jóias, a morte chegou para o príncipe dos ladrões tão suave e misteriosamente como para os leões do jardim. 



Conan encontra três pequenos ferimentos, como se unhas tivessem sido cravadas na carne do nemédio. Cautelosamente, ele se dirige a uma porta dourada e encontra uma câmara com mais riqueza do que jamais sonhou existir e fica tonto em pensar quanto deve valer a jóia que busca.

O bárbaro está no centro da câmara, andando com cautela, quando uma sombra voadora se projeta no chão brilhante e de novo, a morte ataca em silêncio! Conan vê que está sendo atacado por um monstro que parece uma aranha gigante! Numa luta desesperada, Conan decepa um dos membros do horror negro e peludo, que sobe ao teto da câmara onde se agarra e fica encarando com seus olhos  vermelhos.

Então, a aranha descomunal salta lançando um viscoso líquido que acerta a perna de Conan que tomado pelo frenesi, tem sua mente dominada por um horror inominável. Então, com uma força nascida do medo, Conan arremessa um pesado baú cheio de jóias na direção do monstro que faz com que ele caia e morra logo em seguida.


Que outros horrores se escondem atrás da segunda porta, ele não sabe, mas seu sangue continua quente e o bárbaro está determinado a terminar esta aventura sombria. 

Ele logo percebe que a jóia mística não se encontra entre as outras espalhadas pela câmara brilhante e deduz que ela só pode estar no fim da escada de prata

É Yara quem ocupa a mente de Conan, quando o bárbaro chega a uma porta de marfim incrustada com rubis. Nenhum som vem do outro lado, apenas uma fumaça perfumada vaza por baixo da porta.

Quando o cimério decide abri-la, ele sente um estranho temor de estar sozinho numa torre ocupada por fantasmas e assombrações.


Num divã de

mármore com o topo dourado em forma de abóbada da extensa câmara, senta-se um ídolo...uma imagem de cor verde, com o corpo de um homem nu... Mas a cabeça...

A cabeça é um pesadelo terrível ! Largas orelhas uma tromba enrugada, presas brancas com bolas douradas nas extremidades, olhos fechados como se estivesse dormindo um sono profano...


Se este é o Deus de Yara... Onde mais pode estar a gema, senão escondida dentro do ídolo? Além do mais, a pedra é chamada de coração do elefante. Cautelosamente, Conan avança, mas os olhos da estátua se abrem de repente! 


Finalmente, a criatura fala, numa estranha e trêmula voz… imprópria para um humano pronunciar… 


Quem está aí? Você veio me torturar outra vez, Yara? 

Eu não sou Yara! Sou apenas um ladrão e não vou machucar você! 



De repente, o medo e a repulsa abandonam o selvagem, para dar lugar a uma imensa piedade.

Enquanto a tromba sensitiva tateia delicadamente seu rosto e ombros, uma estranha tristeza se apossa do cimério, sem que ele saiba por quê. O bárbaro sente apenas que está olhando para uma tragédia cósmica e se encolhe de vergonha, como se toda a culpa de uma raça fosse colocada sobre seus ombros. 


A bizarra criatura relata ao bárbaro a sua história e conta que ele não é deus, nem demônio, mas um ser de carne e sangue

Conta que ele chegou à terra através do espaço com poderosas asas, que trouxe ele e os outros de sua mesma espécie através do cosmo, pois foram banidos de seu planeta após serem derrotados pelos Reis de Yag

A criatura também conta que viu toda a evolução do homem, até que com o passar do tempo, ele foi o único da sua espécie que restou, sendo adorado como um deus entre um povo de pele amarela! 

" Então veio Yara, versado no conhecimento oculto. Ele se sentou aos meus pés, aprendeu a minha sabedoria e me enganou, fazendo-me revelar um segredo, voltando meu próprio poder contra mim… Ele me escravizou! " 


"Pegue sua espada e arranque o meu coração!"

"Diga o nome do bruxo e ele acordará."

"Então fuja rápido da torre! Seu caminho estará livre!"


"Liberte-me desta prisão de cegueira e tortura..."


Desconcertado, Conan se aproxima… Então, cerrando os dentes ele avança sua espadaFundo!

Enquanto o sangue escorre por sua lâmina, o monstro se recosta, completamente imóvel. A vida acabou… Pelo menos, a vida como Conan a entende. 

Logo Conan apanha o que parece ser o coração da criatura, embora seja diferente de qualquer outro que ele tenha visto. 

Segurando o órgão ainda pulsante sobre a jóia vermelha, ele o pressiona com ambas as mãos, e uma chuva de sangue cai na pedra. Para a sua surpresa, o sangue não escorre para fora… mas penetra a gema, como água sendo absorvida por uma esponja. 

Agora segurando a jóia cuidadosamente, o bárbaro abandona a fantástica câmara sem olhar para trás. Ele sente que uma espécie de transmutação está para ocorrer no corpo sobre o divã de mármore… Algo que não deve ser testemunhado por olhos humanos. 

Sem hesitação, Conan desce pelos íngremes degraus de prata. Não lhe ocorre ignorar as instruções recebidas. Ele pára diante de uma porta de ébano, onde brilha uma caveira prateada…


"Quem é você? "
" Quem me mandou entregar esta gema pediu que eu dissesse...
Yag-kosha lhe concede uma última dádiva e um último encantamento !"

A jóia agora não é mais um cristal límpido, mas escuro e sombrio com seu interior pulsando, palpitando e mudando de cor. 

Enquanto a apanha hipnotizado, Yara olha suas profundezas sombrias, como se lá houvesse um ímã atraindo sua alma

enquanto observa, Conan pensa que seus olhos estão vendo coisas… Pois, ao se levantar do divã, Yara parecia gigantescamente alto… E agora, o sacerdote mal alcança a altura dos seus ombros. 

Então, chocado, Conan se dá conta de que o sacerdote está encolhendo… Ficando cada vez menor diante de seus olhos! De repente, o bárbaro percebe que está olhando para as evidências externas de um combate entre forças imensas, muito além de sua compreensão.

Súbito, o feiticeiro parece se dar conta de seu destino… E salta para trás, largando a gema! Yara continua a encolher mais ainda… 

Aproximando-se, Conan vê Yara subir pela superfície curva e polida, como um homem escalando uma montanha de vidro. De repente, o feiticeiro é engolido, como se a superfície da gema se derretesse sob seus pés. 


Agora o cimério vê Yara no coração escarlate da jóia, novamente clara como cristal. Dentro da gema surge Yag-Kosha! Também chamado Yogah!  Não mais cego e aleijado, mas verde, brilhante e alado.

Yara tenta escapar e em seu encalço parte o vingador! 


Num instante, a gema está pulsando e palpitando. Então, ela desaparece, explodindo como uma bolha e desmanchando-se nas cores iridescentes do arco-íris. O cimério se volta e escapa da câmara, como Yag lhe ordenou que fizesse. Afinal, quem poderia duvidar de um ser vindo de uma grande estrela?


Conan foge pela escadaria prateada. Ele entra na sala dos soldados. Imediatamente, Conan percebe que todos estão mortos. A promessa foi feita, a palavra foi mantida. 

Seu caminho está livre, se foi pelo poder da bruxaria, da magia ou da sombra das grandes asas verdes, ele não sabe dizer, mas seu caminho está livre! 


E uma porta de prata permanece aberta, emoldurando a alvorada. O cimério passa para os ondulantes e verdes jardins… E, enquanto sopra a fresca brisa da alvorada, espalhando a fragrância da luxuriante vegetação, ele sente como se tivesse saído de um sonho. 

Assim que atravessa a vegetação verdejante, ele passa por um leão morto, a lembrança inerte dos horrores da noite passada… E escala rapidamente o muro inferior. 


Ao virar-se para contemplar a torre secreta que acabou de abandonar. Estaria ele enfeitiçado… Amaldiçoado? Ou será que tudo o que aconteceu não passou de um sonho?

Então, ao olhar para trás, o cimério vê a gigantesca torre do elefante desabar contra a alvorada rubra, com sua cúpula incrustada de jóias refletindo a luz nascente… E a torre do elefante desmorona em centenas de fragmentos brilhantes! 

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